Os mesmos rostos de manhã.
Os mesmos no final da tarde.
Alguns tristes, angustiados.
Alguns sofridos.
Outros alegres, e todos
Apressados.
Obrigados a estarem ali.
ou
Ali de boa vontade.
Com sonhos presos.
Pensamentos turbilhando.
Uma magia invisível por detrás da vida apagada.
Parados.
Olhando em volta.
Esperando que a espera interminável,
termine.
Corajosos.
Absortos.
Amados.
Alguns perdidos.
Sem saber onde estão, ou sabendo onde estão, mas não certos
de estarem ali.
Indecisos, sem rumo.
Afetados.
Enlouquecidos.
Eu!
Eis que aqui também estou
no meio da multidão, só
mais uma cabeça pensante entre tantas, entre muitas.
Por ser mais uma, nenhuma.
Ninguém.
Tantas vozes. E o silencio a me martelar.
Ouço tudo e não ouço nada.
Sintetizo
Absorvo
Alimento-me
Discordo
Não sei. Não sei o que dizem. Não ouso entender o que não sei ouvir.
Eles também não me escutam,
alguns sequer me notam,
e os que notam fazem mecanicamente.
E são só alguns segundos perto uns dos outros, porque depois
do ritual de todos os dias,
de parar no mesmo canto
de velar os meus números.
Cada um segue seu caminho.
E é chegada a hora de se despirem da fantasia de palhaço do dia todo.
Retirar as cores das mascaras pintadas no rosto.
Hora de dizer para si mesmo que amanhã será diferente, mesmo sabendo que fará tudo igual outra vez no dia seguinte.
Anica Gonçalves
by Neh
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